ATA DA TRIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 12.09.1989.

 


Aos doze dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Sétima Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada a homenagear os Campeões do Carnaval de Porto Alegre do ano de mil novecentos e oitenta e nove. Às vinte horas e trinta e cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Líderes de Bancada que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. José Carlos de Mello D’Ávila, Diretor-Presidente da EPATUR, representando o Sr. Prefeito Municipal; Sr. Alfredo Raimundo Macalé, Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre; Sr. Alcides Ortiz, representando o empresário Renan Proença, Diretor Regional do SESI; e Ver. Adroaldo Correa, 3º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Sr. Presidente saudou os presentes e solicitou ao Ver. Jaques Machado que falasse em nome da Mesa, oportunidade em que S. Exª discorreu sobre a alegria que representa o carnaval para o povo brasileiro e da sua satisfação por estar a Câmara Municipal de Porto Alegre, nesta noite, recebendo os carnavalescos da Cidade. Em prosseguimento, o Sr. Presidente concedeu a palavra  aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Artur Zanella, autor da proposição e em nome das Bancadas das Bancadas do PFL, PL, PCB e PDS, falou da tradicionalidade desta Sessão Solene, nesta Casa, em que são homenageados os carnavalescos, agradeceu o apoio recebido pelo SESI, e pelas empresas Coca-Cola e Kaiser, e conclamou que as discussões formais para o próximo carnaval tenham início urgentemente. O Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB, citando o refrão “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é; é ruim da cabeça, ou doente do pé”, analisou a importância da festa do carnaval do ponto de vista social para o povo brasileiro. E, relembrando personalidades do carnaval porto-alegrense, discorreu sobre Projeto de Lei de sua autoria que denomina a pista de desfile das escolas de samba de Porto Alegre de Carlos Alberto Barcellos – Roxo. O Ver. Adroaldo Correa, em nome das Bancadas do PT e PSB, definiu o carnaval como “uma autêntica manifestação cultural e como uma festa de resgate de raízes”. Questionou a segregação e segmentação cultural que essa festa popular sofre; sugeriu modificações para o Regulamento de avaliação do desfile das escolas de samba, e afirmou que, neste momento, em que se realiza a reformulação da Lei Orgânica do Município, é a hora dos carnavalescos e demais cidadãos formalizarem seus anseios. O Ver. Dilamar Machado, em nome da Bancada do PDT, analisou o trabalho dos carnavalescos, declarando ser esta festa resultado de trabalho árduo, especialmente pela falta de apoio e de recursos. E convocou os carnavalescos a se mobilizarem e virem a esta Casa discutir os problemas do carnaval, na Comissão Especial instituída para estudar essa festa ou na Comissão que trata da reformulação da LOMPA. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Alfredo Raimundo Macalé que, em nome da Associação das Entidades carnavalescas de Porto Alegre, agradeceu a homenagem e discorreu sobre o significado do carnaval enquanto festa e trabalho para a comunidade carnavalesca. A seguir, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à homenagem, cumprimentando os Destaques do Carnaval e todos aqueles que colaboram para a realização desse evento. E convidou o Sr. Leandro Maia a proceder à chamada dos Destaques a fim de receber sua premiação. As Medalhas e os Troféus foram entregues pelos Vereadores: Valdir Fraga, Artur Zanella, Adroalado Correa, Jaques Machado, Edi Morelli e Dilamar Machado, e pelos Srs. José Carlos Mello D’Ávila e Alcides Ortiz. Os agradecimentos foram os seguintes: Tribos Carnavalescas: Tapuias, Melhor Tema Enredo, Melhor Figurinista, Sr. Adão Rodrigues, Melhor Puxador, Vitória F. Feijó, Melhor Bailarino, Getúlio A. Rosa; Comanches, Melhor Tema Enredo, Alegorias e Adereços, Melhor Compositor, Garoto do Trombone e Sandra Rita, Melhor Bailarina, Sandra Rita, Melhor Bateria, Nilton Paulo Lima; Grupo II: Portela Melhor Ala, Ala Pingo de Prata, Melhor Porta-Estandarte, Zila Bidarte, Melhor Bateria, João R. Veiga; Mocidade Independente Lomba do Pinheiro, Melhor Passista Masculino, Odair Santos, Melhor Passista Feminino, Viviane Guedes; Mangueira, Melhor Bateria, Ademir Alonso; Realeza, Melhor Puxador, Cândido Norberto Soares, melhor Compositor, José Gomes, Melhor Figurinista, Carlos Alberto; Copacabana, MelMor Ala Indígena, Melhor Ala de Baianas, Melhor Figurinista, Evandro da Silva Barbosa, Melhor Porta-Estandarte, Cleusa M. Bastos, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Jorge Rodrigues e Dalvanice B. Freitas, Melhor Bateria, Francisco Barbosa; Unidos da Zona Norte, Melhor Comissão de Frente, Melhor Alegorias e Adereços, Melhor Tema Enredo, e Melhor Figurinista, Bira Vilella; Grupo IB: Embaixadores do Ritmo, Melhor Puxador, Luiz Fernando de Lima, Melhor Porta-Estandarte, Glaci Pereira, Melhor Passista Feminino, Jaci Pereira; Academia de Samba Puro, Melhor Bateria,João Gomes; Garotos da Orgia, Melhor Comissão de Frente, Melhor Mestre-Sala e porta-Bandeira, Euclides Balbino e Rita de Cássia Senna; Unidos da Vila Isabel, Melhor Compositor, Neja e Mug; Estação Primeira da Figueira, Melhor Tema Enredo, Melhor Ala Indígena, Melhor Ala das Baianas, Melhor Alegorias e Adereços, Melhor Comissão de Frente, Melhor Figurinista, Sérgio Pinto, Melhor Passista Masculino, Régis Barão, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Cláudio e Eliana Fernandes, Melhor Ala, Explode Coração, Melhor Compositor, Álvaro Machado; Grupo IA: Academia de Samba Relâmpago, Melhor Passista Feminino, Ana Lúcia Machado; Império da Zona Norte, Melhor Ala das Baianas, Melhor Bateria, Néri Caveira, Melhor Passista Feminino, Ana Maria Bellos; União da Vila do IAPI, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Jorge Santos Nascimento e Tanajara Dione Almeida, Melhor Porta-Estandarte, Juciane Ferreira; Imperadores do Samba, Melhor Tema Enredo, Melhor Compositor, Jean Montenegro e Renato Conceição; Academia de Samba Praiana, Melhor Compositor, Jorge Luis e Alfredo Telles, Melhor Puxador, Cláudio dos Santos – Cláudio Barulho, Melhor Bateria, Irajá Guterres; Estado Maior da Restinga, Melhor Comissão de Frente, Melhor Tema Enredo, Melhor Alegorias e Adereços, Melhor Ala de Baianas, Melhor Ala, Ala Cisne, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Paulo Ricardo e Michele Lima, Melhor Compositor, Paulo Batista o “Paulão da Tinga”, e Melhor Puxador, Paulo Batista; Bambas da Orgia, Melhor Comissão de Frente, Melhor Ala Indígena, Melhor Figurinista, Guaraci Feijó, Melhor Passista Masculino, o “Gasparzinho” – Cláudio Machado, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Luis Machado Rodrigues e Shirley Lopes, Melhor Puxador, “Porto Alex – Luiz Alberto, Melhor Bateria, Nilton Deoclides; e prêmio especial à Melhor Divulgadora do Carnaval, Senhora Neuza Machado, e ao Sr. Ariovaldo Paz, prêmio ao Presidente da Entidade, as Bambas da Orgia. Às vinte e duas horas e doze minutos, o Sr. Presidente convidou os presentes a passarem ao Restaurante deste prédio, onde seria servido um coquetel, convocou os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental, e encerrou os trabalhos da presente Sessão. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados pelos Ver. Adroaldo Correa. Do que eu, Adroaldo Correa, 3º  Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, damos por abertos os trabalhos desta Sessão Solene destinada a homenagear os Campeões do Carnaval de Porto Alegre, a qual foi requerida pelo Ver. Artur Zanella e aprovada pela unanimidade desta Casa.

Com a palavra, o Ver. Jaques Machado, que falará em nome da Mesa.

 

O SR. JAQUES MACHADO: (Menciona os componentes da Mesa.) Meus amigos, momento igual a este é sempre digno de grande satisfação. Digo de grande satisfação porque mais uma vez, aqui, nesta Casa do Povo, fomos lembrados pelo Ver. Artur Zanella, Vereador este que tem um trabalho dedicado à comunidade carnavalesca, à comunidade porto-alegrense. Primeiramente, aproveitar a oportunidade e mais uma vez cumprimentar Artur Zanella pela sua dedicação, pelo seu trabalho, enfim, por aquilo que fez pela sua Escola de Samba que ele tanto ama, que é o Estado Maior da Restinga. Presente também, aqui, o Ver. Dilamar Machado, outro companheiro de Bancada, Bancada do PDT, que tem a responsabilidade, também, na festa do povo e é um dos dirigentes da Escola Estação Primeira da Figueira. Ver. Edi Morelli, também presente nesta Casa, hoje, nesse dia em que o carnaval de Porto Alegre é homenageado, foi o proponente, nesse caso, foi aquele que indicou o nome do nosso saudoso Carlos Alberto Barcellos, o “Roxo”, denominando a pista de eventos da Cidade de Porto Alegre que terá o nome de  Carlos Alberto Barcellos, “o Roxo”. Enfim, Vereadores aqui presentes, dizer que é um dia de festa na Cidade e a responsabilidade muito grande que nós temos de dirigir esta Casa, num paralelo com a festa do povo. Então, nesse dia em que a Câmara de Porto Alegre recebe todos os carnavalescos da Cidade, quero dizer que não fui o Orador indicado pela Bancada, pela Liderança, não fui indicado porque não estava presente, e um dos representantes da família Machado, que é o Dilamar vai falar em nome do PDT. Dilamar Machado, nosso companheiro, Ver. Valdir Fraga, Presidente desta Casa, que me concedeu a palavra em nome da Mesa dirigente dos trabalhos e dizer, meus irmãos, que o momento é de grande euforia quando, hoje, vocês receberão a recompensa pelo trabalho, nesses troféus, nos destaques. É pena que na noite de hoje muitos dos agraciados não puderam comparecer, mas mesmo assim mandaram aqui os seus representantes, e nesse dia, então, que nós homenageamos todos os carnavalescos da Cidade de Porto Alegre, o meu muito obrigado e dizer a vocês que continuem por essa senda de amar o carnaval e a festa do povo por muitos e muito anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra o Ver. Artur Zanella, autor da proposição, em nome das Bancada do PFL, PL, PCB e PDS.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: (Menciona os componentes da Mesa.) Eu falo esta noite em meu nome, da Bancada do PFL, da Bancada do PL, Ver. Wilson Santos, do Partido Comunista Brasileiro, Lauro Hagemann, e do PDS, João Dib, Vicente Dutra, Mano José Júnior e Leão de Medeiros. Meus senhores e minhas senhoras. Tradicionalmente, eu corro na frente dos meus colegas muitos dos quais aqui estão, para solidarizar a realização desta Sessão Solene. Esse ano, com mais razão ainda porque depois de longos e longos anos de esperanças, de expectativa, eu esse ano fui assistir ao carnaval do Rio de Janeiro. É o melhor espetáculo do mundo, o melhor carnaval do mundo; ele, para quem conhece não preciso dizer e para quem não conhece eu digo que é a coisa mais deslumbrante que tem. Eu estava naquela arquibancada belíssima do sambódromo e me perguntava o que estava fazendo ali. Tinha que estar em Porto Alegre, no desfile das escolas de 1º, 2º e 3º grupos, e das tribos. A minha filha menor, que desfila pela Restinga já há três anos, ela conta, com orgulho de seus 12 anos, que ela é destaque da Restinga, reclamando também que ela estava lá e não desfilava. Então, eu pela primeira vez assisti ao melhor carnaval do mundo, porque eu gosto mesmo de assistir ao carnaval daqui. A pista pequena, com problemas, mas onde os meus amigos, o meu povo desfila. Esta homenagem é realizada no mês de setembro, não perto do carnaval, porque o Presidente da Casa sonhava, esperava ainda acolhê-los no Salão principal, no Plenário principal, e que não foi possível ser concluído porque a Câmara, a Prefeitura, enfrentam dificuldades financeiras, o nosso restaurante não estava pronto, e nós tínhamos expectativas de conseguirmos condições para fazer isso no nosso anfiteatro principal. Não foi possível, o ano que vem espero que seja possível, mas os senhores, aqui neste Plenarinho, têm toda a nossa amizade, toda a nossa alegria pela presença de todos. Também quero saudar, pela segunda vez, a presença do SESI – Serviço Social da Indústria – que, reconhecendo que grande parte do povo carnavalesco trabalha nas indústrias, nos ajuda nesta comemoração. Também saúdo a Kaiser e a Coca-Cola, que nos ajudam com o seu patrocínio nesta noite. Foi a Kaiser e a Coca-Cola, por uma circunstância especial, porque esperamos todos que todas as empresas contribuam para o carnaval e não somente a Kaiser e a Coca-Cola e que participem cada vez mais desse evento. Vemos aqui os jornalistas da Rádio Farroupilha e da Rádio Princesa também. E eu queria dizer que será uma homenagem modesta, homenagem de uma Casa que é modesta, de uma Prefeitura que parece rica mas não é, pois também enfrenta dificuldades, mas é uma homenagem que vem do fundo do coração para todos aqueles que, de uma forma ou de outra, trazem alegria ao nosso povo. E os senhores sabem, muito bem, que o nosso povo carnavalesco é o povo mais pobre, mais sofrido desta Cidade. Nós temos, aqui, uma circunstância geográfica que não tem no Rio de Janeiro. Aqui, aquelas pessoas que poderiam ajudar mais o carnaval, em janeiro e fevereiro vão para as praias. No Rio não, pois a praia fica a 10 minutas da casa de cada um deles. Mas, tenho certeza que fruto do trabalho da Epatur, da Câmara, da Prefeitura, dos Senhores principalmente, nós cada vez mais ofereceremos espetáculos cada vez melhores. E que esta solenidade sirva, também, para que a gente, oficialmente, em termos de Câmara Municipal, comecemos a participar de eventos oficiais. Eu sei que todas as escolas já estão em atividades, os sambas enredos estão aí em discussão, em concursos, os temas estão sendo discutidos, uma grande parte já escolhidos e que sirva, também, esta noite para outro tipo de discussão, outro tipo de reflexão e para isso temos, aqui, os dois representantes principais do carnaval: o Macalé, pelas entidades e o D’Ávila, pela Epatur. Porque temos que discutir, também, não hoje, mas começar a pensar hoje, como  é que vai ser a pista de eventos este ano; como é que as quadras vão funcionar, os horários, os patrocínios, os cachês, enfim temos cada vez mais que conversar, discutir e principalmente dar apoio, dar força aos presidentes dessas entidades, Presidentes que levam sobre si essa responsabilidade imensa de conduzir uma escola sempre com dificuldades financeiras. E, finalmente, queria novamente cumprimentar a todos, dizer que esta Casa com, seus 33 Vereadores, está sempre aberta a todos, mas  especialmente aos senhores, que são nossos amigos, que nos conhecem a todos e a quem nós recebemos como irmãos todos os dias, e recebemos hoje como os grandes homenageados e os grandes campeões. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Edi Morelli, em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. EDI MORELLI: (Menciona os componentes da Mesa.) Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores presentes. Eu iniciaria dizendo, em nome do povo carnavalesco de Porto Alegre, também neste momento agradecendo aos representantes da imprensa presentes que muito têm difundido o carnaval de Porto Alegre, o nome de Antônio Carlos Gomes, da Rádio Farroupilha, e Jorginho J. G., da Rádio Princesa e TV Guaíba. Em nome do povo carnavalesco obrigado a vocês da imprensa.

“Quem não gosta de samba, bom sujeito não é; é ruim da cabeça ou doente do pé”. Esta máxima da sabedoria popular sobre o carnaval pode até mesmo encontrar alguém que condene, mas não podemos deixar de dar razão a ela, pelo simples fato de que ao menor rufar de um tambor, imediatamente procuramos marcar o compasso com o pé. Isso mostra o envolvimento do brasileiro com o samba, com o carnaval. E por não ser ruim da cabeça, por não ser doente do pé e por me considerar um bom sujeito, eu gosto do samba e daí a razão de minha presença nesta tribuna, quando esta Casa homenageia os campeões do carnaval passado.

Tido por alguns psicólogos como meio de dar vazão à ânsias, preocupações e atribuições do dia-a-dia, o carnaval é um meio do povo fazer uma grande terapia em grupo. Este povo que palmilha a  desesperança, que corre em busca de um amanhã melhor; este povo que se humilha diante de órgãos oficiais em busca de apoio sem encontrá-lo, este povo que mora em sub-habitações; este povo que sente fome, sente frio, sente o abandono por parte do Governo; este povo que eu falo, o meu povo, tem o carnaval se não a única, uma de suas raras alegrias e um dos poucos momentos durante um ano inteiro em que deixa de ser o “Zé Povinho” para ser o grande astro da constelação alegre do folguedo popular.

Hoje, quando lembramos o carnaval, é impossível não lembrar de duas figuras, dois personagens que fizeram o nosso carnaval adquirir brilho, organização e forma de espetáculo. Um dos personagens é o nosso amigo Silvio Lunardi, o Miudinho, que reinou durante anos, fazendo mais alegre, mais colorido o nosso carnaval. Um Rei Momo que os carnavalescos porto-alegrenses não esquecerão jamais. Por isto é justo que nesta homenagem aos campões não esqueçamos do Miudinho. Outro personagem é o saudoso colega e carnavalesco Carlos Alberto Barcelos, o Roxo. Imperadores de coração e carnavalesco por paixão, Roxo é o marco do nosso carnaval. Existe o antes e depois Roxo, sendo que à maturidade do nosso carnaval devemos ao Roxo e outros tantos, como Macalé, o Brito e a atuação da Associação das Entidades Carnavalescas e Epatur. Mas Roxo foi e é alguém especial em nossa maior festa popular.

E por reconhecimento ao que ele, Roxo, fez por esta festa, foi que encaminhei Projeto a esta Casa no sentido de denominar a Carlos Alberto Barbosa, o Roxo, a Pista Oficial de Eventos e Desfiles Carnavalescos de Porto Alegre, localize-se ela onde se localizar. Apresentei o Projeto por respeito ao Roxo, por reconhecimento e, principalmente, porque o brasileiro costuma esquecer a quem lhe dá a mão e o Roxo não pode ser esquecido no meio carnavalesco.

Tenho certeza de que hoje, neste momento, ele está conosco, também, homenageando os grandes Campeões deste ano. Parabéns aos Bambas da Orgia, Estado Maior da Restinga, Academia do Samba Praiana, Imperadores do Samba, Estação Primeira da Figueira, Unidos da Vila Izabel – Viamão, Garotos da Orgia, Tribo Carnavalesca Os Comanches, Tribo Carnavalesca Os Tapuias, Sociedade Cultural Beneficente e Recreativa Copacabana e Sociedade Beneficente e Cultural Realeza. A todos parabéns. E aqui no meu discurso está, em segundo lugar, o Estado Maior da Restinga que eu deixei para o final para homenagear, também, minha “Tinga”.

Encerro, dizendo parabéns a todos vocês, especialmente, me perdoem os demais, mas à minha “Tinga”: teu povo te ama. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Adroaldo Corrêa, em nome das Bancadas  do PT e PSB.

O SR. ADROALDO CORRÊA: (Menciona os componentes da Mesa.) Senhores Vereadores, Carnavalescos, Senhoras e Senhores. Falo neste espaço em nome da Bancada do PT e em nome do PSB. Gostaria de, no início, fazer uma referência aos presentes como cidadãos de Porto Alegre, com o compromisso que teremos com a abertura, provavelmente em 5 ou 6 de outubro, a partir da promulgação da Constituição Estadual, todos nós teremos este compromisso, os Vereadores em particular votando no primeiro e segundo turno a mudança da Legislação da Cidade, que é a Lei Orgânica do Município que nós queremos que seja uma constituição feita por nós. E que não vai resolver todos os problemas da nossa cidadania, mas vai resolver alguns problemas que aqui, neste momento, nós queremos citar e nos dizem, particularmente de perto, principalmente no capítulo de desenvolvimento Urbano, da ocupação do Solo desta Cidade.

Gostaria de chamar atenção para que vocês tenham presente, que é tarefa não só dos Vereadores, mas do conjunto da comunidade organizada. E nada expressa uma organização popular, independente e autônoma tão bem como neste momento os carnavalescos podem sentir e perceber, porque aqui estão os campeões de um desfile que foi organizado para pista de eventos. E não foi organizado só no dia de carnaval, mas durante o ano inteiro, onde o povo se preparou para uma festa, não de desfile, mas para uma festa de resgate de raízes, de manifestação cultural autêntica, de resgate fundamentalmente destas raízes, cujas manifestações culturais outras, talvez pela falta de convivência democrática, buscam ver escondidas o ano inteiro e a gente vai e se explode na avenida com aquela emoção e com aquela vontade de dizer, desta forma alegre, desta forma bela, diferente, mas espontânea, que temos o que resgatar e valorizar, enquanto povo brasileiro, suas culturas e tradições que vivem não apenas nas quadras, mas vivem no nosso coração e nossa mente. Então, esta modificação que se faz na legislação de Porto Alegre poderá ser um momento em que venha a se discutir, por exemplo, porque cada vez mais é segregado o espaço às manifestações culturais coletivas. Porque, de repente, as escolas de samba têm as suas quadras, ou por cessão provisória, ou por afastamento de sentenças judiciais, cada vez mais distantes dos lugares em que se originaram na história da Cidade. Isso nos diz respeito de perto. Diz respeito à Imperadores, aos Bambas, à campeã Figueira e diz respeito a muita gente nesta Cidade que, organizada, é capaz de fazer valer os seus interesses na modificação da Lei Orgânica, sim. São cidadãos, eleitores, trabalhadores que têm direito de participar na configuração, no retrato desta Cidade e defender as manifestações culturais coletivas que, a cada momento que passa, pela lógica de desenvolvimento desta Cidade, não apenas neste ano, mas historicamente construída, roubou da coletividade o espaço e começou a cobrar a participação nesses espaços. Começou a cobrar caro, seja no campo de futebol, que roubou a várzea pelo desenvolvimento acelerado dos grandes centros urbanos como Porto Alegre, seja no espaço da manifestação cultural coletiva como é o carnaval.

Mas o carnaval, num outro capítulo homenageado aqui pela presença de espírito e de afinidade com a festa, com a manifestação cultural do povo de Porto Alegre, do Ver. Artur Zanella, também é o resgate de outras coisas fundamentais, que nós devemos resgatar isso nesta homenagem, que estão permanentemente em contradição com uma coisa que é responsável, também, por esta segregação, que é responsável, também, por esta discriminação, que é a ocupação do espaço cultural. Sem fazer aqui apologia de um nacionalismo eventual, mas pela ocupação do espaço cultural apropriado por Rádios, Televisões, Cinemas, Jornais, desde fora deste País. É muito maior qualquer espaço de comunicação em qualquer veículo, à exceção de honrosas e raríssimas exceções, que devemos saudar, na Rádio Princesa, na Rádio Farroupilha, na TV Guaíba, é muito maior o espaço da cultura de qualquer outro país industrializado, do Primeiro Mundo, do que da cultura brasileira. Ma, muito maior, mesmo, em descarada proporção. E nós sabemos que não é isto que acontece no meio do povo, não é isto que acontece nos bairros, não é isto que acontece nas vilas, na favelas, nas grandes aglomerações operárias, porque ali acontece a preservação da identidade cultural. Se manifesta para os demais, aqueles que não têm a possibilidade do espaço coletivo, no carnaval, mas é construída no dia-a-dia da identidade com esta festa que aqui está sendo homenageada através dos seus Destaques. E os destaques simbolizam apenas a possibilidade de se fazer uma referência, na medida em que o carnaval não pode ser homenageado, o carnaval é uma festa, é uma manifestação cultural e os Destaques são aqueles que dão, em cada uma das escolas, o que os outros componentes da Escola manifestam, mas que dão a possibilidade da Escola ser referenciada numa forma de valoração do seu desfile, do seu conjunto, afinal de contas, somados os pontos, percebe-se quem é o campeão. No caso específico, nós temos, se fôssemos ponderar por aí, dois campeões no carnaval de Porto Alegre de 1989. O item de desempate acho que devemos discutir, particularmente, dentro da Epatur. Deveria ser, no meu entender, e estamos discutindo, devemos discutir junto com as entidades carnavalescas, deve ser o conjunto de notas 10, não o primeiro quesito, e aí, talvez, os campeões fossem outros, em outras oportunidades, e talvez até este ano, porque quanto mais 10 têm, mais 10 teremos como campeão. E talvez a gente pudesse disputar, neste ano, com este roteiro. É uma sugestão, acho que é uma idéia que se pode trabalhar em conjunto, pode ser interessante, mesmo que o campeão tenha sido desempatado pelo item do regulamento e faça este ano os seus 50 anos na figura dos Bambas da Orgia, que terá um bom desfile, com certeza. Eu, todo mundo sabe, sou Imperadores do Samba. Não sou da Restinga, gosto da Restinga, gosto dos Imperadores, gosto dos Bambas, gosto da Vila onde me criei, a Vila IAPI, e gosto muito do conjunto de todas elas desfilando e do carnaval, principalmente nos ensaios de quadra. Acho que a Banda da Saldanha ainda é a melhor e a que manifesta maior espontaneidade do carnaval fora das épocas de desfile e as quadras são o principal carnaval que nós devemos preservar e buscar espaço de preservação permanente, que eu espero que não esteja depositado apenas no poder público, espero, não porque seja hoje um partido no governo, porque defendo e vou continuar defendendo sempre a organização independente do povo, seja no seu sindicato, seja na sua associação de moradores, seja na sua escola de samba, porque esta organização independente é que dá força e autonomia, porque não segue a orientação deste ou daquele governo eventual, mesmo que a favor dos interesses populares, mas preserva sempre os seus interesses, em qualquer governo, embora, neste momento, como um aliado, todos os carnavalescos podem contar, na figura dos governantes, creio com certeza, defendemos isto, e principalmente na Bancada do Partido dos Trabalhadores e do PSB, em nome de quem a gente fala neste momento.

Acreditamos que a homenagem é justa, merecida e traz às consciências de todos nós, com a paixão que sempre nos envolve em relação ao carnaval, traz presente uma identidade toda particular que guardamos, que é a busca da construção, através da recuperação da história que se expressa nos nossos temas, através da projeção para o futuro, que se expressa nos nossos temas, através da organização, que envolve desde a criança até os mais velhos dentro de uma escola, traz a certeza de que o carnaval permanece dentro, não apenas das nossas mentes e corações, mas na cultura da Cidade. E, se permanece, voltando ao início desta intervenção, saudando aos presentes, permanece como uma possibilidade de futuro e garantia desta preservação cultural, de manifestação de trabalhadores, na indústria, no comércio, em qualquer setor, mas de trabalhadores da cultura, do carnaval de Porto Alegre, permanece na cultura do Estado do Rio Grande do Sul e de todo o País. Eram estas as palavras que gostaríamos de dizer, e agradecendo a oportunidade de ter falado em nome do PT e do PSB, saudamos a todos os homenageados e, principalmente, a todos os carnavalescos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado, que fala em nome do PDT.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: (Menciona os componentes da Mesa.) Vereadores, prezado companheiro Ver. Artur Zanella, proponente desta Sessão, Srs. Carnavalescos. Posso ter, como cidadão, e até como político, uma série interminável de defeitos, porque o defeito faz parte da condição humana. Agora, tenho uma virtude pessoal que prezo, que é ser poeta, e foi exatamente pela minha condição de poeta que comecei a viver, há muitos anos atrás, o carnaval de rua de Porto Alegre. E a exemplo do que narrou o Zanella, nunca fiz concessões ao carnaval do Rio de Janeiro. O máximo que faço é, de vez em quando ir lá, participar, com Jamelão, dos ensaios finais da Mangueira ou visitar, eventualmente, a Portela ou Império Serrano, até para apreender e colaborar um pouco porque é um carnaval antigo, consolidado, rico, poderoso e, efetivamente, o maior espetáculo popular do planeta. Eu comecei a viver o carnaval em Porto Alegre no tempo do Rao, no tempo em que a grande voz da Av. Borges ou da João Alfredo, era o “Escurinho”, no tempo do Trevo de Ouro, dos Bororós, do carnaval da Azenha, do carnaval do IAPI, do carnaval da Vila Jardim, já com a figura fantástica e corajosa da Maria Bravo no carnaval da Santana. E, desde então, passei a conviver com o carnaval desta Cidade, sem jamais imaginar ou pretender me ligar algum dia a uma escola de samba. E, hoje, que tenho ligações afetivas com a Figueira, por ser meu filho seu Presidente e por ter tantos amigos na própria escola e por ter vivido o drama desta escola que por três anos saiu de uma quase desclassificação do Terceiro  Grupo para estar, hoje, orgulhosamente irmanada com os Bambas da Orgia, com a “Tinga”, com a Imperadores, com a Praiana, com os grandes do carnaval de Porto Alegre, é que eu vejo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como é difícil fazer carnaval nesta Cidade e quão duro são os caminhos daqueles que se aventuram a dirigir e a manter uma escola de samba.

Há poucos dias, quando participava com imenso pesar de uma parcela da dor que vivia a Imperadores, pelo assassinato brutal de um de seus dirigentes, coordenador da escola, o Luiz Cláudio, eu ouvi de um dirigente do Imperadores do Samba uma expressão que me calou muito – até não sei se ele disse para mim na condição de Vereador ali presente – e não foi o Ananias, foi um outro que não vejo aqui, só sei que é dirigente da Imperadores, se queixou de uma forma muito dura, muito correta da falta de apoio de praticamente todos nós, nas escolas de samba, como um todo, não um apoio individual que eu dou eventualmente à Figueira, ou que o Zanella dá à “Tinga”, ou que outros companheiros dão às suas escolas do coração, mas o apoio global. Quando nós estamos a seis meses do carnaval eu sei que deve estar no coração de cada integrante do Imperadores a angústia de não saberem se chegarão ao carnaval com a sua quadra, na esquina da Érico Veríssimo com a Ipiranga; que o grande campeão do nosso carnaval, Bambas da Orgia, não tem uma quadra, aluga o antigo estádio do Força e Luz, que a Figueira há poucos dias desmontou o seu barracão, a sua sede lá no Morro Santana porque não lhes estava assegurada, meu caro Ariovaldo, a permanência da Escola; pelo contrário, volta e meia chegava lá o funcionário da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, intimando a Escola a desocupar o local. Não lhe foi permitido sequer construir um singelo muro para fixar os limites da quadra e realizar os seus ensaios. E, como vivem os dirigentes dos Fidalgos? Os garotos do Acadêmico? Beija-Flor? Os próprios dirigentes, meu caro Jacão, do Império da Zona Norte, cuja quadra não pertence à escola, pertence à Associação dos Moradores do 4º Distrito, e está ali implantada onde, futuramente, poderá de repente a administração querer abrir a tal rua projetada? Efetivamente, é um drama que as escolas vivem. Não estou saindo do protocolo, Presidente, Presidente da Câmara, Presidente da Epatur e Presidente das Entidades. Mas acho que é hora de esta Casa, que é a ressonância da população de Porto Alegre, tomar uma medida prática. Com o apoio de todos os Vereadores, aprovamos há poucos dias, nesta Casa, a Constituição de uma Comissão Externa para estudar e encaminhar soluções para o problema das escolas de samba. Primeiro, a localização das quadras, não de favor, não com imenso sacrifício, mas quadras definidas e definitivas; segundo, encontrar um local para as escolas, não só do primeiro, segundo grupo, mas também das várias tribos locais, onde possam os carnavalescos montar as suas alegorias. É um outro drama que vive as escolas, com raras exceções. Chegam às vésperas do carnaval, desesperadamente, procurando pavilhões, pagando dinheiro que às vezes não têm, com imenso sacrifício dos seus integrantes, operários, comerciários, funcionários públicos, tirando seu salário do bolso para poder pagar o aluguel de um galpão, onde vão implantar da maneira que podem os seus carros alegóricos. Carnaval de Porto Alegre, meu caro Zanella, efetivamente, ele é muito nosso, é difícil para alguns de nós definir o que é a alegria de ver essas escolas de samba na Avenida, desde a primeira noite até a última, da entrega dos prêmios, até as brigas que ocorrem, os protestos, tudo isso tem poesia. Nós precisamos fazer com que permaneça na imagem do povo de Porto Alegre, por exemplo, a figura do Neri Caveira puxando a bateria. Tem poesia, é povo negro desta Cidade fazendo carnaval: a Saionara, o Fiapo, a Lígia, o Medina, o Leleco Teles. Porto Alegre tem figuras maravilhosas no carnaval e merecem, Presidente Ribeiro, o nosso apoio e o nosso trabalho. Agora, a Câmara de Vereadores não pode, com esta Comissão Externa, interferir na vida das escolas de samba. O que nós pretendemos, num primeiro momento, é reunir neste Plenário, eu aproveito a oportunidade quando aqui estão representantes de praticamente todas as nossas escolas de samba, e os que vierem serão avisados, para ouvirmos dos dirigentes, presidentes, diretores de carnaval, diretor de harmonia, diretor de bateria, enfim, aqueles que fazem a vida da escola, quais são os problemas, que a gente sabe quais são. Mas nós queremos ouvir e registrar. Eu não estou aqui também culpando a atual administração. Não seria justo de minha parte dizer que o PT, que assumiu agora em janeiro, é responsável pelo drama que as escolas vivem há muitos anos, talvez em algumas décadas. Todas as administrações tiveram parcelas de culpa. Algumas mais, outras menos. Mas como nós temos consciência do problema na hora em que estamos homenageando o povo do carnaval, nós estamos convocando os carnavalescos para iniciarmos um grande debate. E o que o Ver. Adroaldo disse tem um sentido muito grande. A Câmara de Vereadores pode definir na Lei Orgânica do Município e, inclusive, orçamentariamente, os recursos necessários a acudir o carnaval de Porto Alegre. E até, Ver. Adroaldo, o convido para que juntos, nós do PDT, a Bancada do PT e, de resto, todas as Bancadas da Casa, possamos consolidar na Lei Orgânica do Município, onde couber, a possibilidade de que tenhamos, já para o ano seguinte, se não neste, decididamente uma pista de eventos para o carnaval da Cidade, onde desapareçam os camarotes, palanques oficiais, onde o carnaval seja de todos. É o maior espetáculo popular desta Cidade e é o único em que os atores e as atrizes pagam para desfilar. E termina o desfile e não tem onde assistir aos seus demais companheiros, se não tiver no bolso o dinheiro para comprar o ingresso. Acaba o desfile e vão embora para a casa. Não pode sequer retornar para a avenida para comparar o seu trabalho com o trabalho de outras escolas. Nós precisamos definitivamente, através desta Casa, e aqui há muitos Vereadores que têm um amor muito profundo pelo carnaval, Ver. Zanella, Ver. Valdir Fraga, Ver Morelli, Ver. Wilton Araújo, Ver Adroaldo, enfim, uma série de companheiros, Ver. Luiz Machado, que são integrados na vida do carnaval da cidade.

Nós somos efetivamente, hoje, a maioria pensante da Casa para ajudar o carnaval, nós precisamos é recolher os subsídios das escolas de samba, consolidá-los através de um projeto amplo de que a própria Epatur participe. Que a premiação da escola de samba campeã, sabemos todos nós, o Presidente da Epatur sabe, os Presidentes das Escolas sabem, o Ariovaldo deve estar olhando e pensando, o prêmio que ele recebeu, financeiro, pelo 1° lugar conquistado na avenida, talvez não tenha coberto a despesa que os Bambas tiveram com a fantasia da sua porta-bandeira ou da sua porta-estandarte. Não é um prêmio. Efetivamente, não é. Nós temos que encontrar uma maneira mais comercial para as escolas participarem do resultado do carnaval e passarem o ano mais tranqüilas. Sinto, hoje, companheiros, e digo de coração aberto como é duro manter uma escola de samba! Os senhores companheiros sabem que uma das escolas que vinha crescendo e até entusiasmando o carnaval de rua da Cidade, Relâmpago, já pediu licença, não suportou a falta de apoio, a falta de amparo, a falta de recursos. E quantas outras escolas estarão nesta situação? Qual o dirigente de escola de samba que poderia, nesta noite de festa, levantar a mão neste Plenário e dizer: com a minha escola não há problemas. Não estaria sendo honesto. Todas as escolas têm, sem exceção.

Então, a homenagem que eu posso fazer em nome da Bancada do PDT, aos homens, às mulheres e às crianças que fazem o carnaval desta Cidade, é de nos unirmos atendendo aquele apelo dramático daquele companheiro do Imperadores para que, em curto espaço de tempo, Vereadores, dirigentes das escolas de samba, dirigentes das entidades carnavalescas, Presidente da Epatur e membros do Executivo Municipal encontremos, a curto prazo, um caminho que venha solucionar, senão todos, pelo menos, os mais urgentes e dramáticos problemas das nossas escolas. Para encerrar, quero dedicar a todos os companheiros que aqui receberão os seus prêmios, o meu carinho, o meu orgulho. Quando a TV Guaíba, por obra do companheiro Jorginho J. G..  flagrou-me chorando no momento que a Estação Primeira da Figueira desfilava na avenida, no último carnaval, eu quero confessar aos demais companheiros de outras escolas que aquele flagrante foi possível porque era a escola de samba da qual sou patrono. Mas se o Jorginho tivesse cuidado na hora em que passou a Praiana, na hora em que passou o Bambas, a “Tinga” ou qualquer outra escola, veria também a emoção de quem vive o drama e a glória do maior espetáculo popular desta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Alfredo Raimundo Macalé, Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre.

 

O SR. ALFREDO RAIMUNDO MACALÉ: Exmo Sr. Presidente da Câmara de Vereadores da nossa Cidade, Ver. Valdir Fraga; Sr. representante do SESI no Rio Grande do Sul, que nos orgulha e honra com a sua presença, Sr. Alcides Ortiz; DD. representante da Epatur, Sr. José Carlos D’Ávila, hoje companheiro de luta à frente do carnaval de Porto Alegre; Srs. Representantes do povo do nosso Município, aqueles que se orgulham de representar esta comunidade que aqui se encontra, pelo próprio vestuário do nosso povo, que aqui se encontra, os Senhores podem ter certeza de que são pessoas pobres, que lutam pela sobrevivência e gostam de uma festa popular que se chama carnaval. Integrado nessa comunidade há 42 anos, desde o meu querido Arraial da Baronesa, que o progresso extinguiu do mapa desta Cidade, aqui nós estamos representando a comunidade carnavalesca: pretos, brancos e amarelos. Todos eles têm o mesmo objetivo: carnaval. Esses representantes do povo que aqui se encontram e que nos orgulham com a sua presença nos trazem, desta maneira, o seu apoio, a sua solidariedade. A esta comunidade tão pobre e tão judiada por todos os governantes que passaram por este Município, aqueles que aqui se encontram, o nosso agradecimento e àqueles que por ventura não vieram, os nossos respeitos, dizendo a eles que nós continuamos sendo porto-alegrenses e carnavalescos. Se, sermos carnavalescos é ter defeito, nós somos defeituosos, mas somos homens de honra, de vergonha. Aqui nos encontramos, com todos os aparelhos, com todos os que estiveram lutando pela sua evolução. Se esta Sessão Solene fosse para um grande dignitário do Estado, do Município ou mesmo do Governo Federal, esta Casa estaria repleta e as indumentárias seriam totalmente diferentes das nossas, porque as nossas são modestas, mas são sinceras e são honestas. Eu sempre digo e continuo reafirmando: ser carnavalesco não é ser traidor, é ser amigo, é ser povo. Existem as suas malquerenças, existe uma série de problemas, mas dentro daquela avenida e fora dela nós somos uma comunidade.

No enterro de meu grande amigo Carlos Alberto Roxo, eu subi no terceiro andar daquele cemitério examinando aquele mar de povo. Todos modestos, simples e as negras velhas da minha Baronesa e de todo aquele povo que ali se apresentava, demonstrava o que é uma solidariedade, o que é um amigo. Esta comunidade é assim. Eles têm as suas diferenças, como nós todos sempre temos, mas são amigos. Depois da pista de eventos, depois daquele concurso, todos são irmãos e lutam pelo mesmo objetivo.

Acho muito importante que a Câmara de Vereadores, que há 5 anos me outorgava o Título de Cidadão de Porto Alegre, graças a esse carnaval, e hoje lembre fazer uma Comissão Externa para examinar a necessidade de termos nossas quadras e nossas escolas.  O importante é que notamos, depois de tantos e tantos anos – eu estou dirigindo as associações carnavalescas há 12 anos – que nunca recebi um apelo, uma determinação para que aqui viesse lutar pelas suas quadras de ensaios das minhas entidades. São esses os sentimentos que nós temos, porque somos humanos. Podemos não ter muita cultura, mas temos aquilo que é muito grande, que é o amor, porque eu tenho um grande amor por todos vocês e luto até o fim por todos. As minhas homenagens a esses velhos companheiros de luta, ao meu Bambas da Orgia, que hoje faz 50 anos, minha Praiana, que faz 30, meu Embaixadores do Ritmo, que faz 40 anos, Fidalgos e Aristocratas. São escolas velhas, antigas, do Município e continuam sempre naquela via crucis, hoje aqui, amanhã ali. Haja vista o problema do Imperadores. Sabemos perfeitamente que a Administração atual está procurando de uma maneira, com urgência, solucionar o problema dos Imperadores. Sentimos que a administração atual, lógico, entrou a pouco, não conhecem essa comunidade mas aos poucos, conversando com todos eles, dialogando, porque nós não temos cultura, mas temos o diálogo, nós, em última instância, não apelamos para aquilo que não nos serve. A ti, minha comunidade, a nossa bandeira sempre será desfraldada, enquanto nós existirmos, nós teremos carnaval na Perimetral, na Pista de Eventos, na Rua Santana, no IAPI, seja onde for. Lá, nós estaremos desfraldando a nossa bandeira e demonstrando que, apesar de tudo, de sermos pobres, termos pouca cultura, temos uma coisa que todos devem ter: amor àquilo que fazemos. A todos vocês, ao Sr. Presidente da Câmara, ao Ver. Artur Zanella, que nos orgulha todos os anos com esta Sessão Solene, àqueles Vereadores que renovam, que aqui estão conosco compartilhando desta festa, demonstrando que são os legítimos representantes desta comunidade que aqui se encontra e a ti, meu povo, o meu muito obrigado e até uma próxima oportunidade. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Chegou, então, o grande momento da entrega dos troféus aos Campeões do Carnaval. Nós, neste momento, já concedemos a palavra ao Ver. Jaques Machado para que falasse em nome da Mesa, mas aos poucos ficamos ouvindo os Companheiros que falavam e não poderíamos nos furtar, também, de cumprimentá-los, não só os Campeões que aqui estão ou representados, mas aquelas escolas que se organizam, porque se tem um campeão, um homenageado, hoje, é graças a um grupo que está atrás, naquela retaguarda, já se preparando para o próximo carnaval. Eu visualizo, aqui, o Valmir lá da Santa Rosa. Imagino o Valmir, como tantos outros companheiros aqui presentes considerados amigos, porque pertence às escolas, assim como os senhores chegam aqui, nós chegamos nas escolas e vice-versa, como se fôssemos da Casa. Não há nenhuma diferença, Macalé.

Gostaríamos de cumprimentar a todos e dizer que, hoje, é uma grande noite para a Cidade. Nós, terças e quintas-feiras, fazemos homenagens para Cidadão Emérito ou Cidadão de Porto Alegre.

Estão aqui os prêmios para os destaques, mas gostaríamos de destacar os Presidentes, os Diretores, os representantes de elas, pois atrás de uma grande organização, tem que estar uma equipe. Por isso cumprimentamos a todos.

Temos a certeza de que este grupo que está aqui, Macalé, pode ter uma fisionomia de humilde estampada no seu rosto, mas internamente ela é estampada com muito mais garra do que muitos, que neste momento devem estar assistindo a novela e que andam de gravata ou que devem estar trancados num quarto pensando mil coisas, menos pensando na vida de quem está além da sua cerca. Por isso que, graças aos senhores temos, ainda, carnaval nesta Cidade. Sabemos das dificuldades, da falta de passistas que ainda não chegaram, da condução que não foi buscar a bateria, etc. Lembrávamos aqui da nossa escola “Os Filhos da Candinha” preparada para entrar e não chegava a bateria. Perdemos 20 minutos. Existem estes problemas e sabemos disso. Como o esporte amador, por que está terminando? Porque aquelas pessoas que estão sempre ajudando estão cansando. Tomara que isto não aconteça com as nossas escolas. Nossos cumprimentos.

De imediato convidamos o Leandro Maia para nos auxiliar, juntamente com a Assessoria do Ver. Artur Zanella, fazendo o chamamento dos homenageados. Convidaríamos o Ver. Artur Zanella para ficar ao nosso lado. O Leandro faz o chamamento, o Ver. Artur Zanella auxilia na entrega, depois os outros Vereadores também auxiliam.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

(É procedida a entrega de Medalhas e Troféus pelos Vereadores Valdir Fraga. Artur Zanella, Adroaldo Corrêa, Jaques Machado, Edi Morelli e Dilamar Machado, bem como pelos Srs. José Carlos Mello D’Ávila e Alcides Ortiz, aos seguintes agraciados: Tribos Carnavalescas: Tapuias, Melhor Tema Enredo, Melhor Figurinista, Sr. Adão Rodrigues, Melhor Puxador, Vitória F. Feijó, Melhor Bailarino, Getúlio A. Rosa; Comanches, Melhor Tema Enredo, Alegoria e Adereços, Melhor Compositor, Garoto do Trombone e Sandra Rita, Melhor Bilarina, Sandra Rita, Melhor Bateria, Nilton Paulo Lima: Grupo II: Portela, Melhor Ala, Ala Pingo de Prata, Melhor Porta Estandarte, Zila Bidarte, Melhor Bateria, João R. Veiga; Mocidade Independente Lomba do Pinheiro, Melhor Passista Masculino, Odair Santos, Melhor Passista Feminino, Viviane Guedes; Mangueira, Melhor Bateria, Ademir Alonso; Realeza, Melhor Puxador, Cândido Norberto Soares, Melhor Compositor, José Gomes, Melhor Figurinista, Carlos Alberto. Copacabana, Melhor Ala Indigna, Melhor Ala de Baianas, Melhor Figurinista, Evandro da Silva Barbosa, Melhor Porta-Estandarte, Cleusa M. Bastos, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Jorge Rodrigues e Dalvanice B. Freitas, Melhor Bateria, Francisco Barbosa; Unidos da Zona Norte, Melhor Comissão de Frente, Melhor Alegorias e Adereços, Melhor Tema Enredo e Melhor Figurinista, Bira Vilella; Grupo IB: Embaixadores do Ritmo, Melhor Puxador, Luiz Fernando de Lima, Melhor Porta-Estandarte, Glaci Pereira, Melhor Passista Feminino, Jaci Pereira; Academia de Samba Puro, Melhor Bateria, João Gomes; Garotos da Orgia, Melhor Comissão de Frente, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Euclides Balbino e Rita de Cássia Senna; Unidos da Vila Isabel, Melhor Compositor, Neja e Mug; Estação Primeira da Figueira, Melhor Tema Enredo, Melhor Ala Indígena, Melhor Ala das Baianas, Melhor Alegorias e Adereços, Melhor Comissão de Frente, Melhor Figurinista, Sérgio Pinto, Melhor Passista Masculino, Régis Barão, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Cláudio e Eliana Fernandes, Melhor Ala, Explode Coração, Melhor Compositor, Álvaro Machado; Grupo IA: Academia de Samba Relâmpago, Melhor Passista Feminino, Ana Lúcia Machado; Império da Zona Norte, Melhor Ala das Baianas, Melhor Bateria, Néri Caveira, Melhor Passista Feminino, Ana Maria Bellos; União da Vila do IAPI, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Jorge Santos Nascimento e Tanajara Dione Almeida, Melhor Porta-Estandarte, Juciane Ferreira; Imperadores do Samba, Melhor Tema Enredo, Melhor Compositor, Jean Montenegro e Renato Conceição; Academia de Samba Praiana, Melhor Compositor, Jorge Luis e Alfredo Telles, Melhor Puxador, Cláudio dos Santos – Cláudio Barulho, Melhor Bateria, Irajá Guterres; Estado Maior da Restinga, Melhor Comissão de Frente, Melhor Tema Enredo, Melhor Alegorias e Adereços, Melhor Ala de Baianas, Melhor Ala, Ala Cisne, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Paulo Ricardo e Michele Lima, Melhor Compositor, Paulo Batista o “Paulão da Tinga”, e Melhor Puxador, Paulo Batista; Bambas da Orgia, Melhor Comissão de Frente, Melhor Ala Indígena, Melhor Figurinista, Guaraci Feijó, Melhor Passista Masculino, o “Gasparzinho” – Cláudio Machado, Melhor Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Luis Machado Rodrigues e Shirley Lopes, Melhor Puxador, “Porto Alex” – Luiz Alberto, Melhor Bateria, Nilton Deoclides; e prêmio especial à Melhor Divulgadora do Carnaval, Senhora Neuza Machado, e ao Sr. Ariovaldo Paz, prêmio ao Presidente de Entidade, os Bambas da Orgia.)

 

O SR. PRESIDENTE: Assim, encerramos a presente Sessão Solene, agradecendo a presença de todos os Senhores.

 

(Levanta-se a Sessão às 22h12min.)

 

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